Um social graph é um mapa conceitual das relações entre usuários, normalmente representado por nós (usuários ou entidades) e arestas (conexões ou interações). Essa estrutura é fundamental para redes sociais desde muito antes do surgimento da Web3. O conceito ganhou relevância popular quando o Facebook e outras plataformas começaram a utilizar seus social graphs internos para aumentar o engajamento e personalizar conteúdos.
Na Web3, o social graph passa por uma transformação radical. Em vez de ficar restrito a sistemas fechados e centralizados, o social graph na Web3 é distribuído e centrado no usuário. Cada pessoa controla suas conexões, identidade e atividades, e essas informações ficam acessíveis em múltiplas plataformas e aplicativos, livres dos limites de ecossistemas fechados. Isso devolve ao usuário a propriedade dos seus dados, permitindo que ele transite facilmente entre diferentes interfaces mantendo relações e histórico. O social graph Web3 quebra os silos típicos das plataformas da Web2 e promove transparência e resiliência por meio de sistemas descentralizados e imutáveis.
Os social graphs Web3 ganham destaque por promoverem um novo equilíbrio de poder e governança. Em sistemas tradicionais, plataformas centralizadas monopolizam os dados dos usuários, decidindo como eles são usados, exibidos e monetizados. Os usuários têm pouca autonomia para além dos limites de cada plataforma, frequentemente esquecendo que seus posts e conexões não podem acompanhá-los ao migrarem. Na Web3, cada indivíduo assume controle soberano dos próprios dados, podendo conceder e revogar acessos e até monetizar suas interações. Essa dinâmica transforma o usuário passivo em protagonista de sua própria rede social.
Outro benefício essencial é a interoperabilidade. Na Web2, conexões sociais ficam limitadas a redes específicas. Social graphs Web3 superam essa fragmentação e permitem que relacionamentos persistam entre interfaces e aplicativos diversos. Essa continuidade enriquece a experiência dos usuários, garantindo identidade e presença comunitária consistentes em diferentes ferramentas e plataformas. Além disso, a descentralização traz resistência à censura e integridade dos dados. Não existe ponto único de falha ou controle; conteúdos e identidades permanecem acessíveis mesmo com a indisponibilidade de um cliente ou serviço.
No centro da arquitetura dos social graphs Web3 estão os endereços de carteira, identificadores descentralizados (DIDs), identificadores ENS e registros em blockchain. Endereços de carteira e DIDs fornecem identidades únicas, verificáveis e sob controle do usuário. Esses identificadores associam ações e conexões sociais a estados on-chain ou autenticados criptograficamente, garantindo portabilidade e segurança entre aplicativos. Identificadores ENS ou sistemas semelhantes de identidade vinculados a domínios oferecem nomes legíveis para esses identificadores complexos, melhorando a usabilidade sem comprometer descentralização ou propriedade.
No topo da camada de identidade, entram os sistemas de armazenamento e comunicação. Ledgers descentralizados registram ações como follows, posts ou likes, vinculando-as permanentemente à identidade do usuário de forma verificável. Em complemento ao ledger, soluções de armazenamento descentralizado como IPFS hospedam conteúdos de maneira distribuída e endereçável por conteúdo, desvinculando a persistência dos dados de servidores únicos. Essa arquitetura garante transparência e mantém a autonomia do usuário para gerenciar e compartilhar seus próprios dados entre plataformas. Grandes arquivos de mídia geralmente ficam armazenados off-chain (como IPFS/Arweave), enquanto registros on-chain ancoram referências, permissões e comprovação de origem.
No Web2, social graphs são rigidamente controlados por entidades centralizadas. Cada plataforma mantém seu próprio grafo privado, forçando os usuários a reconstruírem suas redes toda vez que mudam de ambiente. Além disso, essas plataformas exploram dados dos usuários para publicidade direcionada e obtenção de vantagem competitiva. Social graphs na Web3 superam esses desafios ao descentralizar a posse e permitir portabilidade, eliminando a necessidade de refazer vínculos: o usuário leva consigo seu grafo social e decide como e por que compartilhar seus dados.
Essa transição reflete ainda uma mudança filosófica mais ampla em favor da interoperabilidade e autonomia do usuário na internet. Enquanto o Web2 priorizava conveniência e alcance em detrimento da privacidade e do controle, o Web3 valoriza a soberania sem abrir mão do acesso. Agora, a interoperabilidade depende de protocolos abertos e compartilhados, e não de APIs fechadas, promovendo ecossistemas sociais mais ricos e diversos.